sábado, 31 de março de 2018

JOHN GIBBON (CRIADOR)



         John H. Gibbon nasceu em 29 de setembro de 1903, filho proeminente da Filadélfia e era um médico da sexta geração (um de seus tios-avós era o brigadeiro-general John Gibbon de Gettysburg, enquanto outro era cirurgião-brigadeiro da Confederação naquele mesma batalha). Gibbon se formou na Universidade de Princeton em 1923 e no Jefferson Medical College em 1927. Depois de completar sua residência no Hospital da Pensilvânia em 1929, ele começou uma bolsa de pesquisa em Harvard.    Em outubro de 1930, ele fazia parte de uma equipe que fazia cirurgias de emergência em um paciente jovem com um coágulo nos pulmões. Embora o paciente tenha morrido, Gibbon observou que, se conseguissem manter o sangue oxigenado durante os procedimentos pulmonares, muitos outros pacientes poderiam ser salvos.
     Em 1933, apesar da falta de formação em engenharia, ele começou a
trabalhar em uma máquina artificial de coração-pulmão. Ele logo se casou com sua talentosa assistente de laboratório, Mary Gibbon, que se tornou sua colaboradora de pesquisa próxima. Eles retornaram à Filadélfia em 1936, onde John assumiu o cargo de Harrison Fellow de Pesquisa Cirúrgica na Universidade da Pensilvânia. Eles continuaram suas pesquisas fazendo experiência em 1942, John Gibbon deixou sua família e sua promissora pesquisa para se alistar no Exército. Ele serviu com distinção no Teatro China-Birmânia-Índia. Após seu retorno em 1946, ele se juntou ao corpo docente da Jefferson Medical School e se estabeleceu para continuar sua laboriosa pesquisa.
     Logo depois, Gibbon fez o conhecido social de Thomas J. Watson, CEO da
Internacional Business Machines (IBM), estabelecendo-se então como a principal firma de pesquisa, desenvolvimento e fabricação de computadores. Watson, que foi treinado como engenheiro, manifestou interesse no projeto da máquina de pulmão e coração, e Gibbon explicou suas ideias em detalhes. Pouco tempo depois, uma equipe de engenheiros da IBM chegou ao Jefferson Medical College para trabalhar com a Gibbon. Em 1949, eles tinham uma máquina de trabalho - o Modelo I - que Gibbon poderia experimentar em humanos. O primeiro paciente, uma menina de 15 meses com insuficiência cardíaca grave, não sobreviveu ao procedimento, mas uma autópsia revelou um defeito cardíaco congênito inesperado. Quando Gibbon identificou um segundo paciente provável, a equipe havia desenvolvido o Modelo II. A segunda operação, com 18 anos de idade, Cecelia Bavolek, foi um sucesso
total. Em 1954, a equipe havia desenvolvido um Modelo III aprimorado.
     Em 1955, no entanto, a IBM passou por uma revisão de sua organização de pesquisa. Em 1956, Thomas Watson, Jr., sucedera seu pai como CEO e a IBM, que estava prestes a dominar a indústria de computadores, estava eliminando muitos de seus programas não essenciais. A equipe de engenharia foi retirada da Filadélfia e o campo de dispositivos biomédicos - agora um grande negócio - foi deixado para a Medtronic, Hewlett-Packard e outros.
    John Gibbon continuou seu serviço como chefe de cirurgia no Jefferson Medical College, escreveu o livro-texto padrão sobre cirurgia torácica e ensinou e orientou inúmeros médicos bem-sucedidos. Após a sua morte em 5 de fevereiro de 1973, Jefferson Medical College renomeou o seu mais novo edifício depois dele. Embora o progresso fosse visível, era lento.

VOCÊ SABIA, QUE...


  •  Parar o coração a fim de trabalhar dentro dele, sem sangue, com o paciente vivo, foi uma conquista tão importante quanto a do homem ir à Lua.
  •  A primeira cirurgia extracorpórea que ocorreu no Brasil, foi apenas em 1955.
  •  Você sabia que existe a falta desse profissional (perfusionista), principalmente no serviço público onde nem sempre se conta com mão de obra que contemple com os pré-requisitos impostos pela SBCEC.
  •  O perfusionista, tem grande responsabilidade durante o procedimento cirúrgico, pois terá em sua mão a vida do paciente que será operado.
  •  A cirurgia trouxe uma grande conquista para a área de saúde, pois diminuiu significavelmente o número de óbitos e trazendo a possibilidade para novas curas de doenças cardíacas.
  •  De acordo com LIMA (1997) nem todos os pacientes submetidos a cirurgia cardíaca utiliza a técnica, pois por mais que o método tenha melhorado bastante nos resultados, sabe-se que certos inconvenientes ainda existem.
  •  No ano de 1994 foram realizadas no Brasil cerca de 35.000 operações cardíacas por meio da circulação extracorpórea.
  •  O 1° transplante cardíaco na America Latina (17), foi realizado no hospital das clínicas em São Paulo pelo o Dr Euryclides de Jesus Zerbini no dia 26/05/1968.
  •  A historia da cirurgia cardíaca é uma verdadeira saga, ao trilhar o caminho para está conquista de alto alcance cientifico e social, teve que dominar preconceitos e tabus.
  • Ludwing Rehn, ele saturou um ferimento cardíaco com sucesso, em 1896.
  • Outra curiosidade importante é que o Dro Clarence Dennis, desenvolveu um equipamento cirúrgico usado para fechar um defeito do septo interatrial, isso foi em abril de 1951.
  • Aqui no Brasil, a CEC foi iniciada também no Rio de Janeiro, graças a Earl Kay e Cid Moreira, em 1957
  •  Von Schroeder, ele construiu o primeiro oxigenador de bolhas lá em 1882.




Fontes:  http://www.scielo.br/pdf/rbccv/v25n4/v25n4a02.pdf
https://drauziovarella.uol.com.br/entrevistas-2/cirurgia-cardiovascular/
http://www.biomedicinabrasil.com/2015/03/biomedicina-e-perfusao-extracorporea_19.html

MÁQUINA DE CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA


A Máquina de Circulação Extracorpórea, também conhecida como “máquina coração-pulmão”, faz a substituição temporária das atividades cardiopulmonares, através de um conjunto de técnicas que realizam as funções de bombeamento e oxigenação do sangue, receptando o sangue que está pobre em oxigênio e devolvendo ao paciente esse mesmo sangue oxigenado. Garantindo assim, a perfusão dos técnicos, a manutenção do metabolismo e a integridade celular.

Principais componentes da Máquina de Circulação Extracorpórea e suas funções:


  • Bombas propulsoras – Impulsionar o sangue.


A bomba deve ser capaz de impulsionar o sangue a uma pressão de até 180 ou 200mmHg. Existem dois tipos de bombas propulsoras na CEC:
Bomba rolete – Bombas de deslocamento positivo. Impulsionam o líquido progressivamente de um orifício de sucção para um orifício de descarga. A capacidade da bomba depende do volume de líquido deslocado a cada movimento e o número de deslocamentos por minuto.
Bomba centrífuga – Bomba cinética. A ação de propulsão de sangue é realizada pela adição de energia cinética produzida pelos giros de um elemento motor. É essencial que haja um fluxômetro acoplado ao sistema.


  •     Oxigenadores – Realizar a troca gasosa.


Oxigenador de membrana – É o método mais utilizado, empregado para a troca gasosa (ou seja, remoção do dióxido de carbono e subsequente oxigenação). Com esse método, o oxigênio é difundido através de uma membrana permeável ao gás que o separa do sangue venoso.
Oxigenador de bolha - Menos comumente, o método de bolha é empregado, com o qual o oxigênio é borbulhado através de uma coluna de sangue venoso.
Os oxigenadores de membrana são preferidos aos oxigenadores de bolha, por causa de uma melhor preservação das plaquetas, menos uso de sangue do banco de sangue, melhor função renal pós-operatória e porque não empregam uma interface direta sangue – gás, que é inerentemente destrutiva para os elementos formados do sangue.


  •  Reservatório de cardiotomia – Receber, armazenar e filtrar o sangue venoso durante o procedimento de circulação extracorpórea.




  • Filtros – Reduzir a quantidade de microagredados (materiais estranhos no sangue) e microbolhas de ar através da filtração do sangue para evitar uma microebolização no paciente.


Os filtros podem ser do tipo de adsorção, esses filtros são usados, principalmente, nas câmaras dos oxigenadores de bolhas e nos reservatórios de cardiotomia. São úteis para remover uma grande variedade de materiais e as partículas maiores.
O filtro microporoso é o tipo mais importante, pois pode reter as partículas menores e microbolhas de até 20 micron, dependendo do diâmetro dos seus poros. São utilizados em diferentes localizações dos circuitos, principalmente na linha arterial.
* O material filtrante é tecido de poliéster monofilamentoso. O nylon não é usado, em virtude da sua capacidade de estimular o sistema do complemento, mesmo quando incorporado aos outros materiais que integram os filtros do circuito.
A demonstração da presença de diversos tipos de partículas, agregados e bactérias suscitou a utilização de filtros com diversas finalidades, como os filtros arteriais, filtros de cardiotomia, filtros pré-bypass, filtros de cardioplegia, filtros bacterianos e filtros de sangue.


  • Permutadores de calor – Remover e ceder calor ao sangue circulando água aquecida através de um circuito dentro do oxigenador.
  • Cânulas – Oferecer melhor drenagem venosa através da introdução no átrio direito em direção as veias cavas.



Existem cânulas aórticas de diversos tipos, modelos e performance hemodinâmica. São construídas de plástico, algumas tem a ponta de metal, aço laminado ou alumínio, cujas paredes são mais finas. Estas últimas tem o diâmetro interno maior que as de plástico do mesmo calibre externo.
Recomenda-se utilizar o maior diâmetro possível, proporcional ao peso do paciente e ao fluxo previsto. O tamanho adequado, segundo Kirklin, deve ser o que apresente um gradiente de pressão inferior a 100 mmHg, com o fluxo máximo calculado para o paciente.


  •  Conjunto de tubos – Transportar solução fisiológica, sangue, água e gases durante o procedimento de circulação extracorpórea em cirurgias cardíacas.


O Conjunto de Tubos para Circulação Extracorpórea é geralmente composto por jogos de tubos de policloreto de vinila (PVC), conectores e acessórios constituídos por materiais atóxicos e biocompatíveis.


  • Bomba de cardioplegia – Proteger o coração com uma solução rica em potássio e oxigênio promovendo assim uma parada cardíaca em diástole (relaxamento muscular).


A solução cardioplégica é uma solução que contém sangue rico em eletrólitos, como Cálcio, Magnésio e outros elementos. Ela é uma solução que possibilita a operação ao induzir a parada do coração. O tempo de pinçamento de aorta é o tempo em que o coração é paralisado por meio da solução cardioplégica e possibilita o médico fazer a operação.







https://pt.wikipedia.org/wiki/Cardioplegia



FUNCIONAMENTO DA TÉCNICA


A técnica é constituída em vários passos, uma vez que é
feita por um conjunto de máquinas que tentam substituir e imitar o funcionamento da circulação sanguínea no corpo. É 
técnica que inclui vários passos e componentes:






  •  Remoção do sangue venoso: é inserido um cateter junto do coração para retirar o sangue venoso que vem do todo o corpo, impedindo que chegue no átrio direito do coração.
  •  Reservatório: o sangue removido é acumulado num reservatório cerca de 50 a 70 cm abaixo do nível do coração, que mantém um fluxo contínuo pela máquina e que ainda permite ao médico adicionar medicamentos ou transfusões de sangue à circulação.
  •  Oxigenador: O sangue é enviado para um aparelho chamado oxigenador, uma vez que remove o excesso do dióxido de carbono do sangue venoso e adiciona oxigênio para torná-lo em sangue arterial.
  •  Controlador de Temperatura: Logo após a saída do oxigenador, o sangue vai para um controlador de temperatura, que permite manter uma temperatura igual à do corpo ou para reduzi-la, quando precisa provocar uma parada cardíaca.
  •  Bomba e Filtro: Antes de voltar para o corpo, o sangue passa por uma bomba que substitui a força do coração, empurrando o sangue por um filtro que remove coágulos e outros gases que possam ter formado durante a circulação fora do corpo.
  •  Microfiltros: Logo após o filtro, existe ainda um conjunto de microfiltros que retiram partículas menores, embora não provoque problemas na circulação, podem passar pela barreira hematoencefálica e chegar no cérebro.
  •  Regresso do Sangue Arterial ao Corpo: Por último, o sangue volta a entrar no corpo, diretamente para a aorta, sendo assim distribuído por todo corpo.  


        
Durante todo o processo, existem várias bombas que ajudam o sangue a circular no corpo para que dessa maneira, não fique parado ou aumente o risco de formação de coágulos.





Fonte: https://www.tuasaude.com/circulacao-extracorporea/
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-76382010000400002

sexta-feira, 30 de março de 2018

CRIAÇÃO DA TÉCNICA

Segundo um livro de Stephen Paget intitulado Surgeryofthe Chest do ano de 1896 relata que, ‘’ a cirurgia cardíaca provavelmente tenha atingido seus limites, logo que nenhum método novo e nenhuma descoberta poderia ultrapassar as barreias externas do coração’’. Entretanto. no próximo século surgiram muitas equipes de cirurgiões interessados em tratar ferimentos cardíacos, defeitos vasculares e intracardíacos e que se empenharam para desenvolver uma maquina coração-pulmão.
O primeiro relato em 1937 de Graybiel, Streider e Boyer que realizaram uma ligadura do canal arterial em um paciente de 22 anos endocardite bacteriana, o paciente faleceu dias após. Em 1939 Rober E. Gross e Jhonn P. realizaram o mesmo procedimento um uma menina de 7 anos, esse com sucesso, já em abril de 1951 o Dr Clarence Dennis desenvolveu um equipamento cirúrgico usado para fechar um defeito do septo interatrial em um paciente de 6 anos infelizmente o paciente faleceu dias após o procedimento. Mas foi em 1953 no dia 6 de maio que o Dr John Gibbon e sua esposa Mary Gibbon ficaram conhecidos no mundo inteiro por realizarem a primeira cirurgia cardíaca utilizando a máquina de circulação extracorpórea com sucesso, ela foi realizada no hospital General Massachustts uma paciente de 18 anos portadora de um defeito do septo interatrial, o doutor Gibbon estava engajado nas pesquisas sobre oxigenadores desde de 1937, apesar do feito realizando ainda mais cinco cirurgias semelhantes abandonou a área. Na década de 50 vários pesquisadores se dedicavam na reprodução dessa famosa máquina que expandiu os horizontes da cirurgia cardíaca.
O Brasil entra neste contexto através de Hugo Felipozzi, que após um período de estágio nos Estados Unidos retornou com intenção de reproduzir em seu país as novas inovações vista em Chicago, na intenção de construir está máquina coração-pulmão usou de todos os recursos possíveis, mas ao perceber a dimensão dos custos para importar um equipamento como este para o Brasil, reuniu todos os relatos, desenhos, fotografias e alguns equipamentos trazidos de fora, e através de uma combinação de trabalho intensivo conseguiu por meio da criação de um instituto a implantação desta nova modalidade que era responsável pela oficina experimental para a fabricação de equipamentos, teve papel importante na padronização dos aparelhos e sistematização das técnicas de circulação extracorpórea em nosso país, e em 1975 iniciou-se a fabricação de oxigenadores descartáveis dentro da circulação extracorpórea tendo grande reconhecimento e importância.
Concluímos com mais um trecho de Le Gallois em 1812, ‘’ se fosse possível substituir o coração por uma forma artificial de bombeamento do sangue, não seria difícil manter vivo, por um tempo, qualquer parte do organismo’.



Fontes: http://publicacoes.cardiol.br/caminhos/017/default.asp
http://publicacoes.cardiol.br/caminhos/017/default.asp

quinta-feira, 29 de março de 2018

MÁQUINA (CEC)



CIRURGIAS QUE É INDICADO O USO DA CEC


Cirurgias Cardíacas:
   Cirurgia de revascularização do miocárdio - Indicada para pacientes que tem comprometimento da irrigação cardíaca por obstrução de artérias, com risco de infarto, causado pelo acúmulo de substâncias gordurosas nas paredes das coronárias.
       Cirurgia das válvulas do coração - Existem quatro válvulas no coração: mitral, aórtica, tricúspide e pulmonar. Quando as válvulas apresentam alguma disfunção como, por exemplo, estenose ou insuficiência, há uma alteração do fluxo sanguíneo dentro do coração comprometendo o seu bom funcionamento. Dependendo do grau de lesão a válvula pode ser consertada (plástica) ou trocada. As doenças mais comuns são: Estenose aórtica, insuficiência aórtica, estenose mitral e insuficiência mitral. As válvulas também podem ser acometidas por infecções (endocardite) sendo então necessária a intervenção cirúrgica.
     Cirurgia da aorta - Indicado para pacientes que apresentam aneurisma (dilatação), dissecção ou coarctação da aorta.
      Cirurgia nas Cardiopatias Congênitas - São doenças nas quais há anormalidade ou alteração da estrutura ou função do coração durante o desenvolvimento embrionário, o que leva ao mal funcionamento do órgão sendo necessário a sua correção cirúrgica. Dentre as mais frequentes estão: Cirurgia de correção da CIA (Comunicação Interatrial); Cirurgia de correção da CIV (Comunicação Interventricular); Cirurgia de correção PCA (persistência do canal arterial); Cirurgia de correção da Tetralogia de Fallot
        Cirurgia de arritmias - Indicado para pacientes que apresentam diversas perturbações que alteram a frequência ou o ritmo dos batimentos cardíacos, sendo a mais comum a cirurgia de correção da fibralação atrial.
       Cirurgia de retirada de tumores cardíacos - Apesar de raros, normalmente são benignos podendo causar obstrução ao fluxo de sangue ou embolias.
    Implante de marca-passo, desfibriladores (CDI) e ressincronizadores cardíacos - Métodos utilizados para corrigir alterações no ritmo do coração. As causas mais comuns para indicação de marca-passo são os bloqueios cardíacos. No caso dos desfibriladores são indicados em pacientes com arritmia e risco de morte súbita. Os ressincronizadores são recomendados para melhora do desempenho e da função do coração.
       Transplante Cardíaco - Indicado para pacientes que apresentam insuficiência cardíaca terminal e todas as medidas clínicas e cirúrgicas foram esgotadas.





Outras cirurgias (Não Cardíacas):
Na medida em que a perfusão se tornou uma tecnologia rotineira e segura na vida hospitalar, seu uso foi estendido a outras indicações, além da correção de lesões intracardíacas e dos grandes vasos torácicos. Usa-se, com alguma frequência, a circulação extracorpórea convencional ou alguma de suas variantes, em diversas outras áreas da cirurgia, como por exemplo:
       Neurocirurgia
       Cirurgia de tumores renais  
       Cirurgias de tumores da traqueia  
       Cirurgias de transplante de fígado
       Em determinadas patologias pulmonares reversíveis
       Como método exclusivo de assistência circulatória, para falência de um ou de ambos os ventrículos, em pacientes não operados ou candidatos a cirurgia imediata.






quarta-feira, 28 de março de 2018

SÁUDE EM PRÁTICA- CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA






DIFICULDADES NA EXECUÇÃO DA TÉCNICA (erros/falhas)


O perfusionista, em particular, é um profissional de grande responsabilidade durante o procedimento cirúrgico, pois virtualmente terá em suas mãos e sob seus olhos a vida do paciente que está sendo operado. No período em que a circulação sanguínea e a respiração estão sendo mantidas artificialmente, a fisiologia orgânica deve ser monitorada e ajustada para ficar dentro dos mais estritos parâmetros da normalidade.
O estudo das trocas gasosas é fundamental para a condução correta da Circulação Extracorpórea. Sem conhecê-la de forma adequada, será impossível manter o paciente em condições perfeitas de fornecimento de oxigênio e substratos, seguidos da retirada de gás carbônico da forma mais perfeita possível. O controle da temperatura durante toda a operação é outro ponto de grande importância e suas implicações, tanto no período de hipotermia, muitas vezes necessária para diminuir o metabolismo, como no período do aquecimento, deverão fazer parte dos conhecimentos sólidos do perfusionista e de toda a equipe responsável pela condução do ato cirúrgico.
A hipotermia profunda com parada circulatória total é um procedimento que transcende a nossa imaginação, dando-nos a possibilidade de parar totalmente a circulação por uma hora ou mais, e depois do aquecimento, conduzido com critérios rígidos, ver o paciente voltar ao seu estado de metabolismo homeotérmico e à vida.
O estudo dos equipamentos e o conhecimento de cada detalhe do seu funcionamento são fundamentais, não só para o perfusionista, como para toda a equipe, que deverá trabalhar em perfeito entrosamento, de forma que nenhum detalhe escape à observação correta e instantânea do responsável, evitando, assim, colocar em risco a vida do paciente ou sua integridade física ou mental.
A entrada de ar no circuito arterial é um descuido desastroso, dependente exclusivamente da atenção permanente do perfusionista, que pode ser eventualmente auxiliado neste mister por sensores que detectem bolhas, interrompam o bombeamento do sangue e soem alarmes.
Para que os profissionais possam realizar a técnica com segurança, devem ter conhecimentos profundos, fortemente incorporados ao seu raciocínio, de forma que as decisões sejam automáticas e imediatas. Para adquirir estas habilidades, duas premissas devem ser contempladas: conhecimentos teóricos sólidos e treinamento exaustivo em serviços que tenham condições de ensinar com competência, responsabilidade e segurança os profissionais que se dediquem às funções específicas nesta área de atuação.



  • Discussão



Em uma revisão americana de incidentes críticos, os autores demonstraram que 82% dos acidentes estavam associados a erros humanos. Os erros mais comuns foram desconexões do sistema respiratório, troca de seringas com medicações, erros no controle de fluxo de gás e alterações no fornecimento de gases. Apenas 4% dos incidentes com desfecho negativo envolveram falha em equipamentos, imputando-se, assim, grande responsabilidade a fatores humanos. Um estudo australiano que analisou 896 incidentes relatou mau funcionamento de equipamentos em 234 dos casos (26%). Os equipamentos mais comuns envolvidos eram bombas de infusão e vaporizadores. Os maiores fatores contribuintes foram falha na checagem do equipamento (37%), desatenção (31%), pressa (14%) e equipamentos ou ambiente desconhecidos (10%). Os principais fatores para minimizar esses erros foram: a reverificação dos aparelhos (38%) e a detecção com monitores (33%). Uma revisão sobre incidentes com o uso de CEC envolvendo 671.290 procedimentos realizados em dois anos relatou 4.882 incidentes, sendo os mais comuns: reações à protamina (871), discrasias sanguíneas (857), falhas na bomba d’água (371), ar ou coágulo no circuito (657), dissecção arterial (293), falhas nos oxigenadores (272) e falhas mecânicas das bombas (260).




  •  Mau Funcionamento do Sistema de Circulação Extracorpórea: Relato de Caso



Durante a realização de uma cirurgia para troca valvar e correção de CIV em um paciente do sexo masculino de 49 anos e 63 kg, observou-se coloração escura do sangue na saída do oxigenador de membrana. Exames laboratoriais de gasometria arterial demonstraram acidose e hipoxemia grave. A saída da circulação assistida não foi possível, pois já fora realizada a cardiotomia. Iniciada hipotermia induzida com resfriamento ativo, administração de tiopental sódico, aumento do fluxo de oxigênio através do oxigenador e restabelecimento da ventilação pulmonar. Foi estabelecido um shunt temporário entre a circulação sistêmica e a pulmonar. A circulação extracorpórea durou 35 minutos e o desmame ocorreu sem drogas vasoativas. Ao término do procedimento cirúrgico, o paciente foi encaminhado à unidade de tratamento intensivo. Após 12 horas, apresentava abertura ocular espontânea, sendo extubado após 18 horas do término da cirurgia sem sequelas neurológicas. O sistema foi encaminhado para análise técnica e o equipamento submetido à inspeção. Não se detectou problema com o aparelho de CEC, porém o oxigenador de membrana apresentava uma grande fissura em sua tampa, o que impedia seu correto funcionamento.



 




No relato descrito, a fissura na tampa do equipamento impedia a correta oxigenação sanguínea. Apesar da checagem prévia do equipamento, a fissura não foi observada na inspeção inicial. A coloração azul da tampa e o local da quebra podem ter contribuído para essa dificuldade.
Além de fratura, o oxigenador e o circuito estão sujeitos a outros defeitos de funcionamento. Falhas de colagem, conectores ou tubos mal adaptados podem permitir vazamentos ou entrada de ar no circuito. Conectores com bordas amassadas podem provocar turbilhonamento com hemólise acentuada. Obstruções por dobras ou angulações podem impedir o fluxo, principalmente na perfusão neonatal, onde os tubos e as cânulas têm dimensões reduzidas e requerem fluxos relativamente mais elevados. O alto fluxo pode gerar força suficiente na cânula arterial para empurrá-la da aorta.
Os oxigenadores de membrana oferecem resistência à passagem sanguínea, gerando diferença de pressão entre a entrada e a saída do equipamento. A elevação do gradiente, com o aumento da resistência ao fluxo sanguíneo, pode ocorrer devido à deposição de coágulos na superfície da membrana, o que compromete o correto funcionamento do aparelho e gera altas pressões no sistema.
A obstrução do escape de gases do oxigenador de membrana pode produzir embolia aérea. O reservatório venoso deve conter volume de sangue proporcional ao fluxo arterial, evitando seu esvaziamento e, consequentemente, uma injeção maciça de ar pela bomba arterial.
Outro defeito de difícil constatação é o vazamento no permutador de calor. O rompimento de pontos de menor resistência no permutador permite a transferência da água do sistema de troca de calor para o sangue arterial, produzindo hemólise, intoxicação hídrica e infecção. Deve-se respeitar o gradiente máximo de 10oC entre a temperatura da água e a do sangue arterial, principalmente nas fases de resfriamento e reaquecimento, evitando microembolias aéreas decorrentes de variações de solubilidade dos gases a diferentes temperaturas.
Em suma, a participação do perfusionista não pode ser subestimada, pois desempenha papel importante na segurança dos procedimentos de CEC, seja por sua ação direta ou por ação dos equipamentos e aparelhos. Falha humana, falta de manutenção preventiva, uso inadequado dos dispositivos de segurança, falha na montagem e checagem dos equipamentos constituem fatores capazes de favorecer a ocorrência de acidentes.



http://www.scielo.br/pdf/rba/v61n6/v61n6a10.pdf

terça-feira, 27 de março de 2018

CIRCULAÇÃO EXTRACOPÓREA

PRIMEIRA CIRURGIA COM A TÉCNICA DE CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA


Em 1951, na Itália, Dogliotti e Constantini publicaram um caso de emprego da circulação extracorpórea em humanos, como suporte circulatório para a remoção de um tumor de mediastino. Nesse mesmo ano, Dennis e colaboradores na Universidade de Minnesota, operaram duas crianças com circulação extracorpórea, usando um oxigenador de discos baseado nas ideias anteriormente desenvolvidas por Crafoord. A primeira criança, com seis anos de idade, faleceu em virtude da complexidade da cardiopatia, na época. A segunda criança também faleceu em consequência de embolia aérea, por esvaziamento do reservatório arterial do oxigenador. Um outro paciente relatado por Helmsworth, em 1952, faleceu em consequência de dificuldades com o procedimento cirúrgico.
A primeira cirurgia feita com sucesso foi realizada pelo Dr John Gibbon e sua esposa Mary H. Gibbon.  A cirurgia foi feita no hospital Jefferson (Filadélfia) em 6 de maio de 1953.  Nesse dia, uma jovem de 18 anos chamada Cecília Bavolek, portadora de uma comunicação interatrial (CIA), entrou para a história como a primeira paciente operada com sucesso, utilizando-se um sistema coração-pulmão artificial para conseguir acesso ao interior do coração.
O surgimento da Circulação Extracorpórea, foi um grande avanço na história da saúde, pois permitiu a manipulação direta do coração, possibilitando a cura de várias patologias cardíacas, até então consideradas incuráveis. No Brasil, um dos pioneiros destas pesquisas foi o Professor Hugo João Felipozzi, responsável pela primeira máquina de CEC e pela realização das primeiras cirurgias cardíacas, efetuando, em outubro de 1955, a primeira operação aberta com uso da CEC. No ano seguinte, em 12 de novembro de 1956, operou o primeiro paciente com abertura das cavidades cardíacas sob circulação extracorpórea total.



Fontes:
https://blogcomcienciadotcom.files.wordpress.com/2013/04/livro-fundamentos-circulac3a7c3a3o-extracorpc3b3rea.pdf
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-76382005000400002

http://www.sobecc.org.br/arquivos/artigos/2012/pdf/Artigos-Cientificos/Ano18_n1_jan_mar2013_circulacao-extracorporea-em-cirurgia-cardiaca.pdf

segunda-feira, 26 de março de 2018

CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA E COMPLICAÇÕES NO PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO DE CIRURGIAS CARDÍACAS

Para a realização de diferentes tipos de cirurgia cardíaca, a circulação extracorpórea (CEC) ainda é um procedimento muito utilizado cuja finalidade é propiciar um campo cirúrgico limpo, preservar as características funcionais do coração e oferecer segurança à equipe cirúrgica.
Por outro lado, a CEC produz uma resposta inflamatória sistêmica com liberação de substâncias que prejudicam a coagulação e a resposta imune; aumentam o tônus venoso; produzem grande liberação de catecolaminas, alterações no fluído sanguíneo e estado eletrolítico; disfunção, lesão ou necrose celular do miocárdio e uma disfunção pulmonar branda.
Pacientes com maior tempo de CEC apresentaram mais déficits neurológicos, como sonolência excessiva, alteração da função cognitiva e intelectual quando comparados àqueles pacientes que permaneceram menor tempo em CEC (10). Ressalta-se que a incidência de disfunção cognitiva tem sido maior nos pacientes após cirurgias cardíacas do que entre os submetidos a outros procedimentos cirúrgicos. Essa incidência é ainda maior entre os pacientes mais idosos. A participação de apenas 83 (77,7%) pacientes do total de 108 potenciais participantes, uma vez que os demais não foram submetidos à circulação extracorpórea.
Os pacientes que foram operados sem o uso de CEC, identificados apenas no pós-operatório imediato, foram excluídos do estudo. Os dados apresentados foram coletados no período pós-operatório imediato, considerado como as primeiras 24 horas após a cirurgia. Para responder ao objetivo do estudo, os pacientes foram divididos em dois grupos de acordo com o tempo de CEC: um grupo com tempo de CEC menor ou igual a 85 minutos (44 pacientes) e um grupo com tempo de CEC maior que 85 minutos (39 pacientes). Esse valor para divisão dos grupos foi adotado por ser o valor da mediana do tempo de duração da CEC nos procedimentos cirúrgicos coletados, uma vez que não há referência de tempo da CEC a ser utilizado para esses fins em estudos anteriores. A participação de
apenas 83 (77,7%) pacientes do total de 108 potenciais participantes, uma vez que os demais não foram submetidos à circulação extracorpórea. Os dados apresentados foram coletados no período pós-operatório imediato, considerado como as primeiras 24 horas após a cirurgia.
RESULTADOS
A caracterização sociodemográfica e clínica dos 83 participantes, da pesquisa, de acordo com o tempo de circulação extracorpórea a que foram submetidos durante a cirurgia cardíaca encontra-se na Tabela 1.
TABELA 1.




No grupo com menor tempo de CEC, observou-se maior frequência de pacientes do sexo feminino, com igual proporção entre pacientes com menos de 60 anos e com mais idade e uma prevalência acima de 50% para hipertensão arterial e coronariopatias. No segundo grupo (acima de 85 minutos de CEC), houve discreto aumento na presença de pacientes do sexo masculino, com menos de 60 anos e as doenças mais prevalentes foram hipertensão e valvulopatias cardíacas (Tabela 1). No período pós-operatório imediato, a diferença na frequência das complicações foi pequena, entre os dois grupos. No grupo com tempo de CEC menor que 85 minutos, as complicações que foram constatadas, em pelo menos 50% dos pacientes foram dor, oligúria, hiperglicemia, hipertensão ou hipotensão arterial. No grupo com tempo maior de CEC, foram observadas as mesmas complicações, exceto a hiperglicemia. As complicações menos frequentes (apresentadas por menos da metade de ambos os grupos) podem ser observadas nos dados da Tabela 2.
TABELA 2.
Frequência das complicações no pós-operatório imediato para os 83 pacientes de acordo com o tempo de circulação extracorpórea (CEC).



Com relação às complicações, a dor foi a mais frequente em ambos os grupos analisados o que pode ser explicado pela extensão do trauma tecidual a que foi submetido um paciente durante uma cirurgia cardíaca. A dor aguda, comum após cirurgias cardíacas, está relacionada a outras complicações, sobretudo de natureza respiratória(13,15) e também com o desencadeamento de arritmias. . Ela costuma ser maior no primeiro e segundo dias de pós-operatório. Pacientes que apresentaram alterações na pressão arterial foram 50% ou mais, nos dois grupos. Essas alterações
podem estar relacionadas à patologia do paciente, entretanto nesse estudo não foi feita a relação entre as patologias de base e as complicações encontradas no período pós-operatório imediato. Dos participantes do estudo, 40,4% apresentaram febre no período pós-operatório imediato. O grupo com tempo de CEC até 85 minutos apresentou uma porcentagem maior para essa complicação (25%).
Infarto agudo do miocárdio foi identificado em 5,1% dos pacientes no pós-operatório, no grupo com maior tempo de CEC. Esses resultados estão acima dos apresentados por outros autores, que verificaram uma taxa de infarto agudo do miocárdio de 1,25% em pacientes que faleceram precocemente ou a longo prazo após cirurgia de valva cardíaca, entretanto não fizeram relação com o tempo de CEC.
CONCLUSÃO
A maioria das complicações ocorridas no POI apresentou frequência semelhante para os pacientes, independente do tempo de CEC. As complicações mais comuns apresentadas pelos participantes foram dor, oligúria e hiperglicemia. A frequencia de complicações não foi diferente nos dois grupos e, para algumas complicações, a porcentagem foi maior em pacientes com tempo de CEC menor.
Muitas das complicações observadas podem estar relacionadas aos fatores de risco da história do paciente, mas esses dados não foram relacionados em nosso estudo sendo esta uma limitação do presente trabalho.


Fonte: http://www.scielo.br/pdf/ape/v25n3/v25n3a04

domingo, 25 de março de 2018

PROFISSIONAL QUE REALIZA A TÉCNICA E SUA ESPECIALIZAÇÃO

O Perfusionista é o profissional treinado e capacitado em operar os maquinários de circulação extracorpórea, seleção dos dispositivos descartáveis em cirurgias torácicas e cardíacas, sendo o responsável  pela manutenção das atividades vitais do organismo, durante a realização da devida cirurgia, e também  manter o devido funcionamento da circulação sanguínea que no momento está sendo operada pelos órgãos artificiais mantendo o paciente em equilíbrio hidro-eletrolítico, hemodinâmico, pressórico, sanguíneo. Dessa maneira, tem uma função tão importante quanto anestesista e cirurgião.
O Perfusionista é um membro da equipe cirúrgica que necessita ser, obrigatoriamente, um profissional com graduação na área da saúde. Hoje, as duas profissões que mais possuem especialistas em Perfusão são a Enfermagem e a Biomedicina. Porém, qualquer profissional da saúde, pode se especializar e realizar o procedimento.
  • A especialização do Perfusionista é feita por meio de um curso de formação que seja reconhecido pelo MEC ou pela SBCEC, através do seu título de especialista, já reconhecido pelos Conselhos Federais que reconhecem a atividade.


A SBCEC entende que a carga-horária adequada mínima para a formação do profissional Perfusionista é de 1.200 horas totais, sendo destas, 800 horas práticas, com a execução mínima de 100 CECs durante o curso.
Para a formação deste profissional, a SBCEC destaca conhecimentos teóricos como:
  • Ética profissional
  • Noções de centro cirúrgico
  • Revisão de Anatomia e Fisiologia Cardiovascular
  • Fisiopatologia
  • Introdução à Circulação Extracorpórea
  • Procedimentos Pré-CEC
  • Ações da Perfusão
  • Técnicas de Perfusão
  • Farmacologia aplicada à perfusão
  • Perfusões Especiais
  • Anomalias Cirúrgicas
  • Complicações de CEC
  • Assistência Circulatória Mecânica
  • ECMO
  • Marcapasso
  • Pesquisa Científica


Todos os itens são fundamentais na prática da perfusão e, portanto, devem ser tratados pelos cursos de formação. Dessa maneira, justifica-se a alta carga-horária do curso, tanto teórica, quanto prática.






http://www.sbcec.com.br/br/index.php/26-home/slider/17-informe-se-sobre-perfusao.html